Eu sou Carlos Latuff, cartunista e fã ferroviário. O propósito desta página é compartilhar com os internautas uma seleção das melhores imagens produzidas durante minhas expedições ferroviárias. Os registros aqui publicados podem ser reproduzidos pelos interessados, com tanto que para fins não-comerciais de informação, citando a fonte (por gentileza). Sou também colaborador do sítio www.estacoesferroviarias.com.br, de autoria do pesquisador Ralph Mennucci Giesbrecht, a página mais completa da Internet sobre estações ferroviárias brasileiras.

domingo, 17 de outubro de 2010

Trem, onça, cobra e hospital em mais uma viagem a Maringá (PR)

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Locomotiva em manobras no pátio de Maringá, PR.

Pelo terceiro ano consecutivo tive a grata satisfação de voltar a Maringá, a "Cidade Canção". Para conhecer mais sobre a cidade, sugiro uma visita ao site Maringá.com. Meu retorno se deu dessa vez pelas mãos da historiadora Rosangela Kimura, que articulou com o Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá minha participação no V Fórum de Pesquisa e Pós-Graduação em História da UEM. Aproveito para agradecer a Rosangela pelo convite, a organização do evento, a universidade, e claro, aos alunos que mesmo debaixo de temporal, foram prestigiar minha palestra. Não posso deixar de mencionar tambem meu agradável encontro com estudantes na escolinha do Sítio Kimura promovido por Rosangela e a equipe do Núcleo Integrado de Saúde do município de Floriano.

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A escolinha do Sítio Kimura.

Como não podia deixar de ser, aproveitando esta viagem ao noroeste do Paraná, fui investigar algumas estações ferroviárias perdidas no trecho entre Maringá e Cianorte, que por ter sido construído nos anos 60, não consta do meu guia de estações do IBGE, datado de 1956. De acordo com o site Estações Ferroviárias de Ralph Giesbrecht, estas eram as estações e paradas do trecho, das quais apenas Ivaí, Abelha e Vidigal não possuem registro fotográfico:

- Paissandu
- Água Boa
- Doutor Camargo
- Ivaí
- Abelha
- Jussara
- Vidigal
- Cianorte


Rosangela e eu fizemos duas expedições, a primeira no dia 14/10 na companhia de seu pai, o Sr. Mario Kimura, e a segunda em 15/10 com seu tio, Sr. Pedro Kimura. Para minha surpresa, o próprio Sr. Mario foi protagonista de uma imagem ferroviária.

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O jovem Mário Kimura em 1956, servindo na 5ª Companhia de Fronteira em Guaíra (PR), posa junto com seu companheiro de farda, nom de guerre Urbano, em cima da já desativada locomotiva nº 4, a primeira da ferrovia Guaíra-Porto Mendes.
(Acervo Mario Kimura)



A mesma locomotiva, agora exposta como monumento histórico, em foto sem data, publicada num folder turístico. A sigla SNBP refere-se ao Serviço de Navegação da Bacia do Prata.
(Acervo Mario Kimura)


A localização da parada Abelha nos foi indicada por um funcionário de uma indústria cerâmica. O local fica dentro de uma reserva florestal. Não sou nenhuma cartógrafo, mas confeccionei este mapinha para que os leitores tenham uma idéia de onde fica.

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O que eu e Rosangela Kimura encontramos naquela áerea foi a linha em precárias condições, com dormentes podres ou mesmo algumas partes sem dormentes, vegetação e galhos sobre a via, e nenhum sinal evidente de uma estação ou parada. Por conta desta precariedade, não há mais tráfego de cargueiros. A concessionária responsável por este trecho, a América Latina Logística, não parece muito interessada na conservação da via.

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Se faltavam alí rastros de uma estação ferroviária, sobravam pegadas de animais selvagens, como onças. E não é história de pescador não! Taí a foto que não me deixa mentir.

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A presença de cascavéis e jararacas na reserva levou a suspeita de que eu, durante a caminhada de pouco mais de 2km, tivesse sido mordido por uma delas. Eu que costumo sempre levar minhas perneiras de couro em expedições a zonas rurais, esqueci de trazê-las dessa vez. As duas marcas na minha perna bem poderíam ter sido feitas por espinhos de uma planta, mas estranhei a ausência de outros ferimentos e a simetria dos orifícios.

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Pelo sim, pelo não, fui parar de novo no Hospital Universitário de Maringá. A primeira vez foi em 2008, onde passei uma noite, internado por conta de uma infecção gastro-intestinal (veja AQUI)

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Me deparei com a mesmo problema de superlotação que encontrei em 2008, a despeito dos investimentos feitos de lá pra cá. A capacidade de internação do pronto-socorro é de 31 pacientes ao dia, mas atende de 80 até 100 pacientes, o que resulta em atendimentos feitos nos corredores. Isso se deve ao fato de que além da população de Maringá, o HU recebe pacientes de municípios próximos. Apesar das dificuldades, os profissionais de saúde tem se esforçado para oferecer um bom atendimento, eu mesmo sou testemunha disso. Quando tuitei o governador do Paraná Roberto Requião sobre este problema, ele me disse que haviam obras de ampliação do hospital em andamento, o que pude realmente comprovar. Resta agora saber se o novo governador, o tucano Beto Richa, dará continuidade a essas obras.

Na próxima postagem, a continuação desta mais nova viagem ao Paraná.
:)

4 comentários:

EFGoyaz disse...

Seus relatos são sempre muito interessantes, não só do ponto de vista histórico-documental, mas também por passar a lição do "quer bem feito, faça você mesmo".
Sou fã das suas aventuras, dos seus trabalhos, desenhos e vídeos há muitos anos (desde quando você ainda tinha orkut, lá no começo deste serviço).
Mas ficou a dúvida: conseguiu descobrir se era ou se não era mesmo uma picada de cobra?

Moacir Carocia disse...

Interessante esta postagem. Todo o desbravamento do Norte do Paraná (Partindo de Ourinhos e ingressando mato a dentro, na época para o sul e oeste) teve como apoio logístico a ferrovia e hoje que as cidades cresceram no entorno das mesmas o expediente comum é o de embate contra o sistema ferroviário, onde deveria existir no mínimo gratidão. A minha existência, bem como de minha esposa e muita gente que conheço, pioneiros do norte do Paraná teve início partindo de alguma estação de trens no Estado de São Paulo com destino ao Paraná, rolando pelos trilhos, na época o transporte disponível e economicamente viável, quando nossos avós ou bisavós tomaram o caminho daqui para derrubar mais uma fronteira agrícola.

Sonja disse...

Oi Latuff,

Seus relatos sao sempre interessantes como disse o EFGoyaz. Minha filha quando foi fazer o Caminho de Santiago teve tb uma marca exatamente como as suas, um pouco acima do calcanhar e foram picadas de aranhas (segundo o medico) e ela teve bastante febre e teve que cancelar o passeio.

Um grande beijo.

Rafa Clarindo disse...

Olá!Trabalho bacana. Muito legal. Também sou um fã de ferrovias, fã deste meio de transporte fantástic.
em 2006 gravei um documentário sobre a estrada de ferro Maringá/Guaíra... Um trabalha amador mas que gerou muita satisfação, paixão e admiração pelas ferrovias... Sou de Perobal, cidadezinha próxima a Umuarama (lugares pelos quais a ferrovia não chegou passar)
Caso queira conversar mais sobre o assunto entre em contato...
Sou Rafael Clarindo, meus emails: rafaclarindo@hotmail.com e laffon12@hotmail.com ;)

Abração, tudo de bom!