Eu sou Carlos Latuff, cartunista e fã ferroviário. O propósito desta página é compartilhar com os internautas uma seleção das melhores imagens produzidas durante minhas expedições ferroviárias. Os registros aqui publicados podem ser reproduzidos pelos interessados, com tanto que para fins não-comerciais de informação, citando a fonte (por gentileza). Sou também colaborador do sítio www.estacoesferroviarias.com.br, de autoria do pesquisador Ralph Mennucci Giesbrecht, a página mais completa da Internet sobre estações ferroviárias brasileiras.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Pátio da Marítima (RJ)

Faz muito tempo desde que ví pela primeira vez o pátio de manobras da Marítima (Estrada de Ferro Central do Brasil), localizado na zona portuária do Rio de Janeiro. Lembro estar num ônibus, o Morro da Providência a minha esquerda, e a direita, mais abaixo, ruínas que abrigavam carros de passageiros totalmente enferrujados. Tinha muita vontade de visitar aquele lugar. O pátio de manobras fazia parte do ramal da Marítima, cuja construção na segunda metade do século 19, visava o transporte de cargas vindas do porto do Rio até a estação de D. Pedro II (Central), passando por um túnel bem debaixo do Morro da Providência. O pátio ficou abandonado desde que a Rede Ferroviária Federal S.A. desativou as instalações em 1995.

Em setembro de 2002, iniciei os preparativos para uma pequena sessão de fotos ali. Digo preparativos porque não era só chegar e fotografar. Havíam regras a serem seguidas, e que se não fossem observadas, poderiam resultar no término de minha existência terrena. Tive de obter previamente uma autorização por parte de uma determinada concessionária de transporte ferroviário. Depois disso, fui acompanhado por um segurança durante todo meu tempo na Marítima. Na verdade, a presença do segurança ao meu lado era uma espécie de salvo-conduto, servia como uma sinalização para os bem armados empresários do ramo de entorpecentes de que eu não era um policial a paisana mapeando o local. Do alto eles tinham visão privilegiada de todo o pátio, e um mal entendido poderia resultar em, digamos, alguns disparos.

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Aspecto das ruínas dos armazéns da Marítima em 2002, ao fundo o Morro da Providência.

Mesmo com tanta ferrugem, era possível ler a palavra "Central" estampada nas laterais da composição. Nas ruínas a sigla da Estrada de Ferro Central do Brasil e uma data, que suponho ser 1923, além de uma placa de patrimônio da RFFSA com o número 3201027.

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As telhas que cobriam os armazéns, importadas da França, estavam todas espatifadas e espalhadas pelo chão, e trazíam as inscrições "Grande Ecaille pour Toiture, Brevetés S.G.D.G., St Henry-Marseille, Roux-Frères".

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Seis anos depois, voltei a Marítima (no mesmo dia chuvoso em que fotografei Praia Formosa) onde o pátio abandonado deu lugar a uma vila olímpica da Prefeitura. As ruínas continuam lá, e as composições também. A entrada é franca e tirar foto alí já não tem mais tanto risco.

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Aspecto atual de um dos armazéns, onde o carro de passageiros ainda se encontra estacionado.


A composição parece esperar por passageiros que jamais virão.


Visão interna das ruínas.


Aspecto geral da composição ferroviária.


Visão interna de seu interior. Onde antes havíam passageiros, agora só entulho.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Estação de Praia Formosa (RJ)

Na tarde chuvosa desta quinta-feira, 22 de janeiro, visitei o pátio de manobras da estação de cargas de Praia Formosa (Estrada de Ferro Leopoldina), próximo a rodoviária Novo Rio (RJ). Da primeira vez em que lá estive, em janeiro de 2003, precisei driblar os seguranças para fazer imagens. Na foto abaixo, a estação em funcionamento.

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Seis anos depois, Praia Formosa encontra-se sucateada. Portões escancarados, qualquer um entra e sai sem ser incomodado. Suas oficinas servem de barracões para pequenas escolas de samba. A estação encontra-se fechada.

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O pátio de manobras, tomado pelo mato, tem até um cemitério de vagões e locomotivas, algumas das quais chegaram alí no final da tarde de 28 de maio de 2006.

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Sei disso porque consegui flagrar a chegada das composições numa das últimas vezes em que o trem atravessou a Avenida Francisco Bicalho.



Repare que a locomotiva da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) que puxava esse verdadeiro "trem fantasma" trazia um vagão-refeitório da RFFSA que na ocasião, encontrava-se em perfeitas condições (todos os vidros das janelas basculantes estão intactos, dá pra ver o reflexo do sol neles). Veja seu estado atualmente.

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A FCA encerrou o transporte de cargas (cimento) para os armazéns de Praia Formosa há pelo menos 4 anos. Em 2005, quando um trem descarrilou despejando cerca de 60 mil litros de óleo diesel num rio em Itaboraí, a empresa, depois de receber uma pesada multa, decidiu tambem encerrar o transporte de combustíveis para a refinaria de Duque de Caxias. A FCA portanto não opera mais na região metropolitana do Rio de Janeiro.

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E como fica o trecho agora? Entregue ao abandono? Não foi prometido a opinião pública de que a iniciativa privada faria os investimentos que o poder público não poderia fazer? É, meus amigos leitores, as cores da propaganda privativista já desbotaram faz tempo...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Mil perdões!

Gostaria de me desculpar aos poucos e fiéis visitantes desse blog ferroviário pela falta de postagens por quase 20 dias. Estive muito envolvido com o sofrimento dos palestinos de Gaza, e passei boa parte do tempo produzindo charges sobre mais esse massacre cometido por Israel. As imagens podem ser vistas aqui: http://tales-of-iraq-war.blogspot.com

Vou normalizar as atualizações do Ferrovias do Brasil neste final de semana.

Obrigado pela compreensão.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Ontem e hoje: Engenho Novo (RJ)

Uma das minhas fontes favoritas de pesquisa de fotos ferroviárias antigas é a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, editada pelo IBGE. Na foto, a edição que possuo, datada de 28 de janeiro de 1958. É do site da própria instituição que extraí a definição dessa obra.

A coleção Enciclopédia dos Municípios Brasileiros foi editada pelo IBGE entre 1957 e 1964, objetivando uma sistematização das informações estatísticas e geocientíficas do território brasileiro, priorizando o município, mas oferecendo também informações sobre as grandes regiões brasileiras, tanto no que tangia aos aspectos físicos (relevo, clima, vegetação, hidrografia), quanto nas características demográficas e socioeconômicas. Devido à abrangência de informações atualizadas para os 2.500 municípios distribuídos por cinco regiões brasileiras, num período em que a comunicação entre o Rio de Janeiro e áreas remotas do país era ainda precária, a obra foi considerada um dos mais complexos trabalhos de pesquisa do IBGE nas décadas de 50/60.

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E dessa edição trago uma fotografia das linhas de trem do subúrbio carioca do Engenho Novo, acompanhada de sua legenda original.

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Rio de Janeiro - Distrito Federal (Foto C.N.G. 3998 - T.J.)

As comunicações ferroviárias do Rio de Janeiro com o interior se estabeleceram entre morros e colinas da faixa de território situada ao norte do maciço da Tijuca. As ferrovias, mais ou menos acompanhadas no seu traçado pelas linhas de bonde, servem também ao tráfego urbano e suburbano da chamada "Zona Norte". Nesta fotografia vê-se a linha eletrificada da Central no Engenho Novo, ao vencer um colo entre as colinas de Jacarèzinho, à direita e as do Lins, ocultas pelo casario do Engenho Novo à esquerda. O relêvo mais importante nos fundos é um prolongamento do maciço da Tijuca. Note-se a Rua Vinte e Quatro de Maio, trecho da longa via de acesso aos subúrbios, tôda retorcida, adaptada às encostas do Morro do Engenho Novo e às encostas das colinas do Lins de Vasconcelos. (Com. P.P.G.)


E aqui o mesmo local nos dias de hoje, em foto tirada por mim em 23 de dezembro de 2008.

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Mais adiante, um pontilhão, com as iniciais da Estrada de Ferro Central do Brasil, datado de 1921.

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